Qual o tamanho da sua escola? Ela tem muitos profissionais?
Ela oferece condições para que você
compartilhe as suas práticas pedagógicas
ou administrativas? Proporciona espaços
para que reflita a respeito da sua condição
enquanto profissional? Saiba que é possível
viabilizar a construção de Comunidades
de Prática (CoP) na sua instituição,
pois existe naturalmente um agrupamento de pessoas
que trabalham de modo informal em atividades comuns
ou por necessidade de aprendizado no coletivo.
Mas
o que são Comunidades de Prática
(CoP)? Elas estão por toda parte, no trabalho,
na escola e no lazer e pertencemos a agrupamentos
que são potenciais comunidades, como, por
exemplo, núcleos, associações
e grupos. Atuamos de modo periférico ou
participamos de forma efetiva em determinados
grupos ou podemos nos juntar para tentar encontrar
o nosso lugar nele, contudo conectamos as pessoas
porque somos seres sociais e históricos.
Muitas vezes,
marcamos refeições com colegas de
trabalho para discutir assuntos relativos a nossas
atividades profissionais, soluções
de problemas ou tomadas de decisões. A
Comunidade de Prática (CoP) é considerada
um modo de trabalho, no qual os membros têm
um espaço de tempo e um espaço geográfico
ou tecnológico para discutir e compreender
a instituição e negociar sentidos
com os outros participantes. Podem relacionar-se
mutuamente na instituição para trabalhar
temas ligados ao trabalho e compartilhar rotinas,
responsabilidades, recursos tecnológicos,
registros, vocabulários e estilos.
As diretrizes
externas podem influenciar o trabalho nas comunidades,
no entanto não impedem que os membros desenvolvam
as práticas sociais, pois são sistemas
auto-organizáveis. As Comunidades de Prática
(CoP) podem existir em toda a instituição,
tendo em vista que a sociedade é baseada
na participação e não precisa
de uma hierarquia rígida para existir.
Têm estágios de desenvolvimento que
se iniciam com o agrupamento por interesses ou
necessidades, seguem para uma organização
informal, têm o auge com os membros se engajando
no desenvolvimento de práticas compartilhadas,
segue com alguns participantes interessados na
continuidade e, se amparada pelos recursos tecnológicos,
são capazes de receber novos membros e
ter o registro do que foi construído.
Como se constituem em espaços
para aprendizagem coletiva, conseguem que novos
membros aprendam com os membros mais experientes,
a todo o momento na comunidade são construídos
conhecimentos acerca de um domínio – assunto
principal – e aprendizado profissional de modo
que os participantes podem analisar e refletir
a respeito do próprio trabalho e propor
soluções inovadoras para a instituição.
Os limites da Comunidade de Prática (CoP)
são mais flexíveis que os da organização,
sendo assim, as pessoas podem contribuir de maneiras
e planos diferentes. Os membros periféricos
têm oportunidades de aprender, porque apreendem
a prática em termos concretos e os participantes
centrais conseguem trabalhar conceitos e práticas
com os membros mais novos.
Equipes de trabalho são
diferentes de Comunidades de Prática (CoP),
porque o primeiro não necessita de atividades
com a prática compartilhada. O ciclo vital
da comunidade está relacionado com os estágios
de expansão, maturação, plena
atividade e dispersão, não é
remissivo a programação institucional.
Difere da rede de relacionamentos profissionais
porque têm identidade e promovem a identidade
entre os membros por meio da produção
compartilhada da prática social no processo
coletivo de aprendizagem.
Os conhecimentos desenvolvidos
são provenientes das atividades exercidas
e nas Comunidades de Prática (CoP) têm
um relacionamento diferente com a instituição
oficial, pois a organização não
é soberana em relação à
comunidade, caso contrário, não
existiria a participação efetiva.
O conhecimento é criado, compartilhado,
organizado, revisado, registrado, armazenado e
disseminado com o auxílio da tecnologia
e é oriundo da prática compartilhada
entre os participantes
Os membros da Comunidade
de Prática (CoP) têm o compartilhamento
entendido por todos, sabem o que é relevante
comunicar e como apresentar as informações,
como conseqüência é um modo
de movimentar informações relevantes
e práticas construídas para além
dos limites da instituição. Os participantes
podem sistematizar rotinas e tarefas e por preservar
aspectos tácitos do conhecimento é
possível iniciar novos aprendizes na prática
construída.
A colaboração
não é temporária, está
presente na resolução dos problemas
e nas tomadas de decisões. A identidade
é fundamental para o aprendizado na organização,
possibilitará a criação de
jargões e vocabulários próprios
que facilitarão o entendimento entre os
pares. O desenvolvimento da capacidade de criar
e reter conhecimento deve ser entendido pela instituição
como um processo que precisa de aprendizagem na
comunidade, compartilhamento, interação
e tecnologia para não perder o registro
ou obstruir os processos de construção.
Diferente dos papéis
exercidos na instituição, os participantes
da Comunidade de Prática (CoP) terão
domínios e ações próprias,
assumirão responsabilidades de condutores
de discussões que irão contribuir
com os projetos da instituição;
de criadores e trabalhadores do conhecimento;
de mentores para separar o conhecimento da prática;
de estrategistas para encontrar soluções
para unir Comunidade de Prática (CoP) e
instituição; de construtores de
novas práticas e comunidades; de reconhecedores
do potencial de aprendizagem da instituição;
de desenvolvedores de soluções tecnológicas
para a Comunidade de Prática (CoP); de
designers de ambientes para a aprendizagem e compartilhamento
das práticas construídas.
O currículo em rede
não será mais um corpo do conhecimento
a ser transmitido ou uma tentativa de conseguir
extrair produtos, consistirá no processo
de aprendizagem e no trabalho com as práticas
pedagógicas e administrativas e desenvolverá
o pensar na prática social como modo de
construir o conhecimento e utilizar os recursos
tecnológicos com o viés social e
histórico. A leitura de mundo (FREIRE,
1979, 1989, 2003) precederá o registro,
contudo necessitará do apontamento e do
armazenamento para que os participantes sejam
capazes de escrever os contextos e as histórias
para que os outros consigam transformar os mundos
por meio da prática consciente e da significação
da experiência existencial (FREIRE, 1989)
e em relação à comunidade.
Espaço
para compartilhamento de Conhecimento:
Melhore os conhecimentos a respeito de Comunidades
de Prática (CoP) em: